terça-feira, 12 de maio de 2015

História da carochinha: empresário, um perigo à solta

Tenho um amigo perigoso! Já foi como eu e você, um trabalhador ganhando dinheiro com o suor do próprio corpo, porem de uma hora para outra ficou irreconhecível, seus olhos saltavam do rosto quando o assunto era dinheiro, perdeu todos os escrúpulos, explorava as pessoas que o ajudavam no seu sustento e nunca mais pensou no futuro, apenas em ganhar a maior quantia em dinheiro no menor tempo possível. Pouco lhe importava a família de seus colaboradores, parecia que o mundo duraria para sempre, pois ele é um poluidor em potencial, incentivador do consumismo e desperdício... ou foi isso que gostariam que eu acreditasse, esse meu amigo é o empresário.

Sempre fiquei com um pé atrás quando meus professores “esquerdo-bitolados” falavam mal dos empresários, como se fossem monstros psicopatas iguais ao Mr. Hyde do livro “O medico e o monstro” de Robert Louis Stevenson. Três motivos claros me fizeram não cair nesse conto, por mais que lesse Marx e compreendesse seu ponto de vista no conceito de “mais valia”, não concordava, pois:

1° Meu pai é empresário;
2°Eu tenho amigos empresários;
3°Desde muito cedo trabalhei e nunca me senti explorado por meus patrões, sempre acreditei que ali havia uma troca, meu tempo = seu dinheiro.

Nunca vi o patrão como inimigo e conforme fui envelhecendo aprendi a vê-lo mais como coitado do que “opressores-capitalistas”.Inúmeras vezes me peguei pensando – Caramba, esse cara investe uma p@#$ grana nesse negocio, paga impostos, o salario funcionários, enfrenta uma burocracia que me deixa de cabelos em pé, quando é processado por um de seus colaboradores mesmo estando 100% certo é tratado como criminoso por juízes, aguenta fiscais corruptos procurando pêlo em ovo, o seu sucesso dependem de pessoas que o veem como chato e aceita tudo mesmo correndo o risco da empresa não dar certo e ter que abrir mão de seu patrimônio pessoal para arcar com as dividas feitas. Ele é doido!

Pessoal, “faço coxinhas”, como a demanda está aumentando pretendo contratar alguns funcionários e pagar um salario fixo para eles. Sozinho faço 150 coxinhas por dia, vendo cada uma por $1,00 e tenho um custo de $0,5 por unidade, com 3 funcionários farei 9900 coxinhas por mês (22 dias de trabalho).Meu planejamento ficou assim:

+$9900,00 ( faturamento da venda das coxinhas);
-$2364,00 (salario mínimo para três funcionários);
-$4950,00 (produto para fazer as coxinhas);
-$500,00 (aluguel da confecção);
+$2086 (lucro).

Ótimo! Em um mundo perfeito tenho um bom lucro, mas o mercado é incerto.Chutemos que no primeiro mês, como ninguém ainda conhece meu negocio, eu venda apenas as 150 coxinhas/dia de costume , o resultado fica assim:

+$3300,00 (faturamento da venda das coxinhas)
-$2364,00 (salario mínimo para três funcionários);
-$4950,00 ( comprei o produto, achava que ia vender 9900 coxinhas!)
-$500,00 (aluguel da confecção)
- $4514,00(lucro).

Opa! Agora a brincadeira ficou chata, mas é um risco quando se entra no jogo, repetindo 3 meses esse resultado terei que vender meu carro para arcar com o prejuízo. Resumindo, não abra uma confecção de coxinhas, tudo pode dar errado: o mercado de coxinhas pode ser afetado pela crise, o pão de queijo pode virar o salgado da moda, um medico doido pode aparecer na Palmirinha e falar que fritura faz mal a saudade, o sindicato dos fazedores de coxinha pode entrar em greve, a associação de proteção as coxinhas pode invadir seu deposito e botar fogo em tudo, o presidente do país pode encarar o setor como estratégico e querer estatiza-lo.

Todos os negócios tem risco, o dinheiro pago para o empresário que acha que consegue prever o futuro e é doido o suficiente encarar as possibilidades se chama LUCRO.

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