segunda-feira, 30 de novembro de 2015

Momento NOSTALGIA: Passado e presente...

Ás vezes me pergunto se estou ficando já cansado e chato pois não consigo acompanhar com entusiasmo as séries tokusatsu mais novas! Sempre vejo algo que me faz perder o interesse, seja a computação gráfica absurda, roteiros fracos, atores sem graça e etc... Mas quando assisto uma série mais antiga, por exemplo: Ultraman, Ultraseven e outros dessa época, me empolgo muito e acabo por valorizar mais essas do passado do que as do presente. Até tento ver alguma série atual, mas desanimo... Muitos acham que isso é viver de passado, mente fechada etc... 

Gostaria de outras opiniões! Será que com a idade vamos ficando, digamos assim, enjoados? Gosto de nostalgia, me traz boas recordações, mas quero ainda ter outras lembranças de outras séries, mas está difícil... O tokusatsu teve suas perdas em roteiros e outros itens?

UltraAceJack (Jamil)

Olá, Mr. Jamil. É uma pergunta complexa e com muitos desdobramentos, mas vamos lá: Eu sou de 1978, assisti os grandes clássicos (Ultras, Robô Gigante, etc...) ainda criança. Quando o material da geração Jaspion e Changeman veio  para o Brasil, eu já era adolescente e vi muita gente reclamando desses seriados da Toei, dizendo que não tinham o carisma dos antigos. E para os garotos de hoje, os antigos podem soar como "paradões" e "sem graça", sem "carisma". Bom, identificar o tal carisma é uma percepção muito pessoal. 

Mas existem mudanças estruturais que podem ser percebidas e analisadas. Se pegar roteiros de séries tokusatsu antigas, há um maior espaço para desenvolvimento de situações do que as produções mais modernas. Claro que isso tem exceções, não vamos generalizar coisa alguma. 

Mas se formos analisar séries de super-heróis principalmente a partir dos anos 1980, veremos uma profusão de cenas repetidas, como longas transformações de heróis e veículos. E no caso de robôs e naves, essas cenas geralmente serviam apenas para mostrar brinquedos que podiam ser adquiridos em lojas. Cenas repetidas também vão "comendo" o tempo de duração do episódio, na mesma medida em que vão barateando custos. E também houve a necessidade de inserir mais cenas de ação para prender mais a atenção das crianças, o público-alvo da maioria das produções. Como resultado, as histórias devem ser mais ligeiras e acabam sendo, geralmente, mais superficiais (mas nem sempre). 

Um outro ponto interessante sobre tokusatsu é que seriados antigos também eram voltados para crianças, mas com capacidade de chamar a atenção de pessoas mais velhas. Havia muitas vezes um subtexto ou um ponto de reflexão que podiam passar batido para as crianças, mas que tornavam o trabalho interessante para pessoas mais velhas. 

Um episódio de O Regresso de Ultraman  (1971) trazia um monstro que havia engolido um estoque de gás venenoso desenvolvido pelo Japão na Segunda Guerra Mundial. Daí, um oficial do grupo GAM, que era neto de um militar envolvido com a criação dessa arma proibida, assume o fato como algo pessoal e luta para limpar a honra da família. Para os mais velhos, isso lidava com um assunto espinhoso, que era o uso de armas de destruição em massa, uma possível alusão a crimes de guerra cometidos pelo Japão, o que é um tabu no país. E o episódio começava com um grupo de teatro que estava num ensaio morrendo vítima desse gás. Em Lion Man, um episódio questionava a morte pela honra, contrariando a lógica do violento mundo dos samurais. Os exemplos são muitos, mas algumas séries mais recentes não deixaram isso totalmente de lado. 

Em animês de ação também aconteceram mudanças na estrutura dos roteiros. Em Cavaleiros do Zodíaco e Dragon Ball Z (entre outros), há combates que duram mais de um episódio, com longos flash backs e muito sofrimento e melodrama que se arrastam por longos períodos. Já em produções antigas (anos 1960 e 70, por exemplo), isso quase nunca acontecia e as lutas começavam e terminavam num mesmo episódio. Nos grandes animês de ação, os arcos de história são longos, enquanto antigamente a história auto-contida era a regra. Com mais episódios e mais espaço (leia "tempo") é possível desenvolver mais personagens e situações, mas também dá pra enrolar mais, o que vai depender do talento dos envolvidos na produção. A conclusão é que não é só o jeito de contar histórias de tokusatsu que mudou. 


É certo que o tempo muda a forma como as histórias são contadas, pois muda a percepção do público e a percepção de mercado dos produtores e seus influentes patrocinadores. Hoje é preciso uma dinâmica maior para prender a atenção do público, que consome muita coisa simultaneamente, tamanha é a oferta de entretenimento que existe. Mas como sempre, há roteiristas que trabalham bem o tempo, enquanto outros não. Porém, acima de tudo, talvez certas caracterizações atuais e modernas o incomodem a ponto de não conseguir apreciar os pontos positivos. O que também não tem nada de mais, pois ninguém é obrigado a gostar do que faz sucesso atualmente. 


O fato é que gostos e estilos mudam a cada tempo e nem todos conseguem se identificar com isso. Eu sou daqueles que preferem produções antigas do que as atuais, mas consigo apreciar boas histórias e personagens de estilos diferentes do que eu gostava quando garoto. É isso. 

Postado por Werley Fernandes









fonte/foto/divulgação:  http://nagado.blogspot.com.br/


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